sexta-feira, 4 de abril de 2008

Sobre Telhados.

Impregnando meu nome pelos cantos,
em pequenas palavras soltas, feitas de vidro,
eu me arrisco por sobre telhados e casas
de pessoas que não me escutam.
Ácidas, imóveis, inertes,
elas, ardentes, agora não me ouvem.

Por sobre o peso do meu próprio nome
e seu cuspir forçado de erres
e arrotos de crianças pequenas
sem casa, e inocentes, que agora voam depois de mortas,
eu rabisco palavras tolas,
que se perdem em significados
de sonhos, de ciúme, libido e quietude.

As palavras, em si, nascem sublevadas,
como um coro de aves,
como um jorro de pensamento roçado de sangue vermelho.
Num poema cáustico nasce a vida,
embaralhada,
atrapalhada,
solta.
Mas é assim que essa enxurrada se espalha,
se gasta, e voa leve,
Assim como pensamentos-pássaros.

Num poema cáustico eu me perco
e me acho.
Num poema fantástico de consolo,
de encosto, onde pessoas sobre telhados
não me escutam,
onde meninos que voam
falam de loucura,
onde a chuva faz som bonito
e o mundo cresce,
e se eleva,
como minha alma.

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