segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Lamento de Onda.

Na marcação do mar,
ritmo vulgar das ondas
a levar e trazer mistérios de mar
que caem consolados no marulho, do céu,
cada cria do mundo,
cada um que sai, a constelar e viver
cai ao naufrágio seguro do mar
no encalhar dos corais, dos cocos, do cais.

Na rotina do mar,
um marco de sal a salgar,
a velar a jangada que vai
a jangar a velada marcha da praia
do Guarujá a Jamaica
do Janga a Maragogi,
a contornar o caldo
da costa calada,
da dor do mar à noite.

Na poeira da praia a arar o vento
rumar o navegar da encosta ao mar
quando amanhecer, desmaiar,
nas manhãs vadias do acordar
é lançar-se à calmaria, e velejar
seja daqui pra lá,
seja pro além-mar
da Península Ibérica ao Mar de Aral.

Ater-me a pescar
e a andar na suave leveza da areia morna,
cansado na preguiça de tempo, de brisa,
ao deleitar-me e deitar-me,
a amainar minha cólera,
colher as velas
e minha enfermidade.

Na marcação do mar, navegar
ao barulho do susto, na polpa do barco,
ao transpirar o mormaço que marca,
ao mergulhar transeunte nas ondas,
num cardume de peixes,
no costume das águas,
um sargaço a deriva
ao cansaço de só
flutuar e nascer.

No amanhecer,
acalento tristonho de mar,
o mar parece esmaecer, ao ver,
o sol se afastando de lá.

Um comentário:

Thaís Salomão disse...

eu nunca tinha parado pra pensar nisso de "da dor do mar à noite".

acho que isso faz com que ele seja tão bonito quando iluminado pela luz da lua.

saudades das nossas conversas também, bernardo.

quero te mostrar o meu único poema "mostrável".
me lembra depois ;)

beijão