Ainda que estejas solta,
enquanto és mar e tão cheia de sal,
plena neste ar que voas,
onde teu parentesco é o sol.
Ainda que insurjas
e que solva o céu,
ganhe nuvens de chuva
e escuros becos de tempo,
és tão da terra quanto eu,
és minha.
Embora teu olhos,
antes grandes, doces,
focados no absurdo
e nos meus,
ainda que não parem
ainda que entreolhem,
e embora tu flutues,
navegue, divague,
és ainda dessa sonda selvagem
do pensamento meu.
Embora já não tanto,
se aninhem, entretanto,
o teu acalanto só,
ao tempo, ao tudo que és
e a mim, és minha.
Embora tu pertenças
aos poucos, és muito.
E saiba tu de tudo,
dos tolos, dos tontos,
dos deuses, dos revoltos.
Cruzando no mundo és, contanto,
da selva dos olhos,
dos sólidos olhos meus.
Embora os teus braços divaguem
no baile tão simples do adeus
e os olhos, as lágrimas
e as mãos deságuem,
não esqueces, no entanto,
és mãe, és manhã,
és minha.
Esquadrinhando
Há 5 anos
9 comentários:
"teus braços divaguem
no baile tão simples do adeus"
gostei disso.
:)
acho cortante esse marcador: "vãos amores"
posso dizer que essa história de posse ao mesmo tempo que é cruel é linda?!
(isso merece algum tempo de conversa)
bonito demais, de verdade.
meu coração tá na mão! lindo DEMAIS.
és um cativante de mulheres gasosas.
mas mulheres gasosas...?
eu me basei em uma real,
apesar de o poema ter sido feito de maneira fria e sem sentimento.
Fiquei sem posse da palavra.
É sempre assim nos momentos de beleza.
=)
"um homem de posse."
rs.
(merece um sorriso... ;)
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