segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Posse.

Ainda que estejas solta,
enquanto és mar e tão cheia de sal,
plena neste ar que voas,
onde teu parentesco é o sol.
Ainda que insurjas
e que solva o céu,
ganhe nuvens de chuva
e escuros becos de tempo,
és tão da terra quanto eu,
és minha.

Embora teu olhos,
antes grandes, doces,
focados no absurdo
e nos meus,
ainda que não parem
ainda que entreolhem,
e embora tu flutues,
navegue, divague,
és ainda dessa sonda selvagem
do pensamento meu.

Embora já não tanto,
se aninhem, entretanto,
o teu acalanto só,
ao tempo, ao tudo que és
e a mim, és minha.
Embora tu pertenças
aos poucos, és muito.
E saiba tu de tudo,
dos tolos, dos tontos,
dos deuses, dos revoltos.
Cruzando no mundo és, contanto,
da selva dos olhos,
dos sólidos olhos meus.

Embora os teus braços divaguem
no baile tão simples do adeus
e os olhos, as lágrimas
e as mãos deságuem,
não esqueces, no entanto,
és mãe, és manhã,
és minha.

9 comentários:

Thaís Salomão disse...

"teus braços divaguem
no baile tão simples do adeus"


gostei disso.

:)

tchuly disse...

acho cortante esse marcador: "vãos amores"

Unknown disse...

posso dizer que essa história de posse ao mesmo tempo que é cruel é linda?!

(isso merece algum tempo de conversa)

Luiz Felipe Campos disse...

bonito demais, de verdade.

Amanda Moraes disse...

meu coração tá na mão! lindo DEMAIS.

Anônimo disse...

és um cativante de mulheres gasosas.

Bernardo Sampaio disse...

mas mulheres gasosas...?
eu me basei em uma real,
apesar de o poema ter sido feito de maneira fria e sem sentimento.

Marina Moura disse...

Fiquei sem posse da palavra.
É sempre assim nos momentos de beleza.

=)

Rose Lima. disse...

"um homem de posse."
rs.

(merece um sorriso... ;)