quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Vento Norte.

Quando o vento é norte
na praia de Pau Amarelo,
o mar muda, fica mais verde
como em outros dias não costuma ficar.

Quando o vento é norte,
nessa mesma praia,
vêem-se os pescadores saindo
em seus barquinhos brancos,
de madeira plana, entalhada e rasa.
Suas vidas simples tomam forma,
seu trabalho árduo
sob o castigo do sol
ganha sentido.

Quando o vento é norte
o mar fica mais limpo,
porque é uma água pura
de um oceano intacto,
que vai banhar o povo.
Onde suam por uma vida mais digna,
onde pena-se pela seca,
onde os tempos são mais longínquos
e os segundos, duradouros.

Quando o vento é norte, há vida
e todos podem respirar a maresia.
O mar mais verde fica,
os banhistas mudam suas feições,
antes tristes.
Deixam de banhar-se por obrigação,
disciplina, e se entregam ao oceano
numa alegria diferente que nem eles percebem.
Andam ao lado da natureza
e se filiam à ela.

Quando o vento é norte,
a sorte deles muda,
a de todos nós,
poetas, banhistas, letristas, músicos,
diplomatas, pescadores...
Porque o mar atinge a todos,
mas só atinge à alma humana,
quando nele há verdade,
quando não é mar da cor da terra,
porque terra tem que ser terra
e mar tem que ser mar.

O Vento norte é mais calmo,
é alma.
Quando o vento é sul,
o mar ganha rima feia...

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