sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Desavenças.

Hoje eles já não se encaram mais.
Passam desapercebidos pelos carros.
Não pulam alto dos postes,
nem gritam sua felicidade morro acima.

Hoje já não se importam com o mundo.
Apenas se encontram em frente à TV,
sucumbindo ao tecnológico, ao interativo,
comendo pizzas e chupando drops.

Enquanto eles falavam,
eu sonhava, pensava no justo e no certo.
No único e correto meio de igualar a todos,
num só patamar da sociedade, e disfrutar o lado bom da vida.

Mas hoje eles já não falam mais.
Se cruzam na rua como dois anônimos.
Esqueceram o dom do poeta
e o sentido bruto do absurdo.

Seus passos na praia se apagaram,
em cinzas se tornaram os papéis onde escreviam.
Nos manuscritos de velhos pensamentos,
os anseios juvenis de seres passados.

Hoje entregam à tv o poder de julgar a todos
e não dominam mais seus atos, sua inércia.
São contemplativos, são saudosos. Rememoram uma vida passada
e se esquecem do presente, sentados em suas poltronas.

Eram antes revolucionários, lutando por justiça e igualdade.
Suas barbas espessas testemunharam
o dia em que tudo deixou se ser sonho
e tornou-se apenas acontecimento.

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