segunda-feira, 20 de abril de 2009

A Mão Complacente.

Talvez a vida, que é paixão e sonho
não seja selvagem e me compadeça.

Quem sabe então, eu solte dos ventos,
a mão complacente que me afaga a cabeça,
essa que pesa entre o carinho e a exigência.

Talvez a vida, medo medonho,
não seja um caminho, um fato isolado.

E aí me assole a doença,
e eu possa cantar, correr,
zangar meus olhos de devassa.

Mas pode ser que eu me perca.

Nessas três doses diárias,
nesses hotéis de subúrbio,
nesses letreiros luminosos,
com ar de calma, neblina e mistério.

Pode ser que a chuva,
encarnada de almas,
numa noite de asfalto molhado
e corações secos,
me ofereça um gole,
um trago, uma ação.

E a perdição da noite seja enfim materna,
sábia nos conselhos, exigente na volta,
a abarcar uma leva de homens mal-amados.

Um comentário:

pedro disse...

Uma perna se trocou por outra
Alguém disse: - A lua...

O amor se fez sutil e arte
o desejo perguntou: à qual parte?

Minha mãe, no céu, disse:
"Tanto que avisei a este filho..."

Mesmo assim
uma perna se trocou por outra
alguém ia dizer mas se calou
o amor fechou os olhos
e o desejou soluçou.

Meu pai, no céu, disse:
"Prefiro não ver...!"

Mesmo assim
uma perna se trocou por outra
alguém que se calou, gritou
o amor abriu os olhos
e o desejo pôde enfim
dormir um sono justo.