domingo, 24 de fevereiro de 2008

Por Outra.

Já pensei em contar-lhe segredos de meus amores,
passar entre os dedos teus cabelos longos.
Mas melhor não.
Irrelevante.

Já pensei em falar-te da vida, assim como um poeta.
Alisar tua nuca e soprá-la de leve, com o ar da minha boca,
para te fazer cócegas e te causar arrepios. Mas melhor não.
Besteira.

Tive a idéia de preparar-te uma surpresa no teu aniversário,
te mandar aqueles chocolates que gostas e uma cartinha de amor.
Mas achei melhor não fazê-la.
Seria tolo.

Já pensei em falar de mim, do meu carinho,
daquela sensação gostosa de olhar bem fundo nos olhos
e segurar tua mão. Mas melhor não.
Seria arriscado.

Já pensei em te chamar pra sair num domingo à noite,
quando a tristeza bate devagar, mas depois aumenta.
Eu te falaria mil coisas e esqueceria do mundo. Mas melhor não.
Seria incômodo.

Já pensei em te convidar para um jantar aqui em casa,
falar da nossa vida, da vida alheia e te apresentar minha família.
Mas é melhor não.
Eu seria covarde.

Pois isso tudo que penso não é pra ti.
Tudo que penso em fazer e dizer é por outra.
Tudo que penso é lembrança, é resquício.
Então eu idealizo.
Tento fazer de ti o que não és.
Tento fazer de minhas atitudes,
as atitudes que poderiam ser pra ti,
mas que, infelizmente, não são.

5 comentários:

Anônimo disse...

É, quando tudo parece ser, não é. Talvez seja realmente como na teoria do caos!
Tudo ecoou na minha mente por longo tempo. Restou tristeza, tristeza suficiente para escrever isso, de todo um sentimento e de nenhuma história.
"Amor" platônico? Talvez. Minhas palavras são sempre cheias de "vocês", esses vocês que ninguém nunca viu, que ninguém nunca conheceu. Palavras ao vento, cheios de sentimentos reprimidos e tristes, que hoje venho a revelar.
E quando nada parece dar certo, acreditamos que será sempre assim, sabe, isso me irrita, porque a esperança infantil e a busca incessante por finais felizes vão se esvaindo.
Mais nada me faz mudar, qualquer coisa que se tenha passado, nem de ter acreditado, nem de ter criado esperança, muito menos de ter declarado isso. O mal é que a partir de agora eu me acorvadarei, recuarei, não arriscarei, assim não sofrerei, logo não chorarei. Parada sentindo essa sensação notei que fui cega e iludida, você tão longe, mais também tão perto.
Hoje tenho vergonha, tremo ao olhar, prefiro fingir que não vi. Logo ele, que não gosta de música feia, que gosta de Vinicius de Moraes, Manuel Bandeira, que gosta de palavras simples, de tequila e conversas de botequim.
Desculpa, por mais emocionante que pareça, por mais que renda histórias lindas e tristes.

Me da parabéns, e me dá uma estrelinha, eu mereço, porque me arrisquei.
Lembranças, apenas lembranças...

:)

Bernardo Sampaio disse...

Eu juro que tento achar alguém real por trás de ti. Em tuas palavras, mas te juro, não acho.
De amores também tenho muitos, platônicos e reais, rasos e profundos, físicos nem tantos, mas mentais...

Juro a ti anônimo,
tuas palavras me tocam.
Me fazem pensar mais em mim,
e nos meus amores, que só a mim guardo, principalmente um.

Tu às vezes me parece tão familiar.
Parece que eu te vejo e te escuto,
mas talvez seja minha cabeça criando, meu coração criando,
pelo fato de ser tão sozinho
e de pensar tanto nesses amores que já falamos.

Eu acredito em ti, anonimo.
Mas não consigo conceber-te,
nem imaginar-te.
Tu me parece a alguns,
mas ao mesmo tempo a ninguém.
Tento enxergá-lo nessas entrelinhas, mas é difícil
e misterioso.

Gostei do que vi escrito.
:)

Anônimo disse...

Mais esse alguém existe, sempre existiu.
Eu me pergunto, como pode uma pessoa tá curtindo outra, mesmo quem nunca teve nada, sem nunca ter falado, nem ao menos fomos apresentados, apenas trocado olhares? Isso é curioso e engraçado.
Penso que tudo acabou assim por circunstâncias alheias a minha vontade.
Essa sou eu, admito que de fato bastante misteriosa, que agi diferente, que fala sozinha, que simula conversas e que fica sentada olhando pro nada, com o sorriso e a dúvida, com a coragem e o medo.
Metade de mim é o que digo, a outra metade é silêncio.
Mais o que seria de uma vida sem essas supresas?!

=)

Quero continuar te olhando, isso faz meus olhos brilharem, o coração bater forte e o sorriso saltar a cara.
Olhos esses que quando me olha não dizem nada, deixam apenas dúvidas.
Ou talvez seja também minha cabeça criando.
E tudo que eu mais desejo agora, é ver cada vez mais a quem vejo tão pouco.
Pois é, são nas palavras que vou me revelando.

:*

Anônimo disse...

pq parou de escrever?

volta.

Luanda Calado disse...

A vida inteira que poderia ser e não foi é de cortar o coração.
Ferir a alma e a verdade.
Esconder teus sentimentos detrás das palavras te ajuda em novos relacionamentos, mas de nada adianta se você não se libertar,como quando escreves.