segunda-feira, 17 de março de 2008

Soneto Estuporado.

Quem vê fossa não vê coração,
na saída fétida do esgoto,
onde eu perdi tempo e desgosto
e também a fala dos velhos tarados que passeiam às quatro e
[meia da manhã no calçadão. Que absurdo!

Meu poema tem cheiro estrúmico,
polisistêmico na concepção dos neologismos,
passando fetidamente distante do romantismo
só pra ter a certeza de se mostrar para todos, mesmo que
[equivocadamente, como um texto único.

Que idiota eu fui, meu Deus
em não ver esse estrume na calçada,
em não ter pensado, hoje, em absolutamente nada interessante.

Pra que falar agora do odor dos meus sapatos, então?
Se há tantos e tantos sufocos ocos e tapetes,
tantos cassetes e cacetes, que não temem nem fezes nem ascos.

Nenhum comentário: