sábado, 13 de junho de 2009

Um Vazamento.

Goteja,
como tortura
o ar tão preso
sustenta o peso
da clausura.

Goteja,
como água suja
idílio de desgosto,
demasiado tarde
a navegar na lama.

Que seja!
Infame como o futuro
suspiro o ar tão fraco
alarde o vento parco
imperial, impuro.

Goteja,
a quem deseja gotejar
o arrulhar dos pombos,
tua face assim, doente
o olhar frio que lamenta.

Goteja,
como ciúme
o mar desfaz então
a onda desponta,
alinha o barco no infinito.

Que seja!
No mar aflito
as mágoas não têm altura,
sustentam o peso da clausura
no ritual mítico da praia.

Goteja,
gorjetas,
pra eu enriquecer,
as gotas me esgotam,
a gorjetear.

Para que?
Para que, então, gotejar?
E no fim não ser,
Dia a dia,
gota a gota?

5 comentários:

Cecí disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Aline disse...

vive de pedacinhos quem tem medo de se doar por inteiro..

esse texto tá lindo!

Stefania Régis disse...

Muito belo o poema Berna! Parabéns!

bjus

Clara Mazini disse...

Gosto dos versos curtos e contínuos.

Gota a gota. Bom de ler, assim.

Cecí disse...

gostei muito desse texto.