terça-feira, 9 de junho de 2009

Poesia Urbana III (Ao Soar o Dia).

Conduta
maldita
de quem
anda
se mal findou
a meia-noite,
se ainda
falta o ar
à madrugada
pra expulsar
do horizonte
o teimoso sol
e aquele
sono poente.

Atrás de um
vão dois
e três
e mais
a andar
às quatro
antes mesmo
das cinco
a circular
no calçadão
ainda frio
de uma frívola
noite vagabunda,
sombras fortuitas
ao mar
no marulhar
de ondas,
na neblina
de sol
nascente,
película
insegura
sobre a onda
que segura
esse caminhar.

Os passos
a perdoar
o dia anterior
as penas,
a pedir futuro,
pensando
a cada passada
como cada onda
reflete
o percurso,
a caminhada
matinal dos dias
a matar o ócio,
mortificar
os ossos
na acidez
da maré
que bate
aos pés.

Perdulárias
pontes
a separar
os restos
do café-da-manhã
e o resto
do mundo,
pendurado
à sede
da rotina,
tardia,
tacanha,
sacal,
a saculejar
diários diabos
no sufoco
dos coletivos,
carros fúnebres,
a coletar cada
alma que passa,
passageira,
ao soar o dia,
num suor
que seca
sempre
a seiva
do imaginário
que,
ao menos antes,
pôde comungar
com a praia.