segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Poema mórbido.

Não menina, não se discipline.
Nossos vales e arestas são como crimes.
Nossos morros são urros em desuso.
Nossas mentes, desconexas e confusas.

A reclusa vazou e não vimos,
não subimos à toa a montanha íngreme.
Não deixamos nosso barco vazio.
Não falamos à toa os nossos crimes.

Nossas peles são uma.
Nossas unhas e carnes.
Os desenganos e as dores.
Nossos sonhos e a morte.

Não, menina, não vigie ao longe dessa torre.
Pois a vida, duvida, que é de longe que se vive.
De perto, tudo se transforma.
De perto é que eu a vejo
Vejo o fluxo do rio, das águas.

Nossos vales e morros nos socorrem,
Nos fazem chorar, enquanto dormem.
Meu sonho incontido é teu riso, menina.
Nossa não-subversão é que me consome.

Não vês, menina, que te busco?
Que me ocupo de ti em pensamentos?
Não ofusco teu rosto em nenhum momento.
E nem penso que a tenho, como sempre busco.

Não, menina, não ria.
Não há nada demais nessa fantasia.
Na neblina espessa dessa floresta escura.
Na desventura que é esperar por mais um pouco de vida.

(março)

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