quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Poema de Alta Mar I e II

I

Onde miro, ao admirar-te?
E ao advertir-me, onde mirar?
Dónde puedo ponerme a girar
y a bailar para conocerte?

De mí ya he hecho mi parte.
Yo lo sé porque a ti me atiro,
me lanço como se lança uma onda,
me desfaço qual se faz o querer-te.

Calla tu ventre insalubre,

porque allá yo no puedo mirarte.
Tu cuerpo, yo sé, es un arte,
es mala como la olla del mar.

Pero el agua no puede salarte,
puesto que yo te respiro.
Eu sei que teu corpo admiro,
pero no hay como no admirarte.

II

Não há como eu me redimir
do olhar que me arde
e me mantém à parte.

Não sei mais se há tal sigilo,
tal signo de ir
sem mirar a quem parte.

Não sei mais se há tal respiro,
tal grito que pede
ao implorar, e afogar-se.

Tal fogo que queima não há,
pois não há no alto mar,
esse choro, que é água.

Não sei mais se é de salgar-te,
ou se te salvo,
se te afago, ou se olho.

Onde ponho tal verde de mar,
pra te camuflar por amar-te?

Meu mar já é teu e teus olhos,
meus sonhos de Vênus, de milhas.

Onde te salvo em tal ilha,
se tal ilha não há?

Meu mar, tal tormenta a me ressacar,
é vento a atirar tal assombro, tal onda.

Onde, então, pra salvar-me, posso ver-te
e verter esse mar de imaginar-te?

4 comentários:

Clarice Mendes disse...

que lindo bernardo,adorei.
tá muito bem escrito! :)
beijos

Thaís Salomão disse...

sabe o que me ocorreu quando eu li isso aqui?

alguém sentado ali, no marco zero, a noite, de frente pra brennand, falando tudo que tá escrito aí.

ficou bonito que só esse, bernardo.

Curió disse...

incrível... suas poesias transcendem os muros do nosso mundo restrito e português. fora que fazes isso com tamanha delicadeza, que chega a assustar.

Unknown disse...

gostei