quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Cavaleiro.

No subúrbio
do urbano,
à margem do mundo humano,
pessoas.

No complexo
diário urbano.
Na beirada do sonho,
e da linha férrea,
humanos.

Lá no suburbano,
onde parece que pulsa mais intensa a vida
e onde a felicidade repulsa a tristeza,
tem feira de grito, tem apito, buzina,
tem a menina que chora pedindo um brinquedo simples,
tem gente que trabalha nessa badalar da vida
e aviva mais o sentimento da luta.

Mas na ida e na vinda do trem,
tem quem passe por baixo dos trilhos
e vacile.

Talvez na descida da estação,
no corre-corre pra ver quem chega primeiro,
tenha se desvencilhado,
- trem que há descarrilhado -
de uma linha, de uma mão perdida.

João mesmo
se cansou de ser nada
e só levar revés.
Ao invés de viver lamentando
se jogou perto das três
no meio da linha do trem,
depois de fumar dois cigarros
e cheirar um pouco de cola.

É delírio, é delírio.

Já Hugo tenta mudar a vida,
na escola, na música,
no sonho.
A realidade não dificulta o desejo,
pois se espelha no trilho de vida
de quem já pegou o trem.

No subúrbio,
que não é sub-humano,
é mais humano ainda,
tem espaço pra tudo,
gente tristonha, feliz,
alguns trabalham na feira,
na areia, poeira, barulho,
vendendo melancolias,
sapatos, baldes e ferros,
comidas diversas e frutas.

Há os que fogem, os que fingem,
onde os olhos saltam do lugar
e vão parar longe,
mas há também aqueles que vêem tudo passar
e ficam.
A vida se vai assim, junto a essa troca,
junto a esse trem, a esse tudo,
mas a alguns ela nem afeta.

É nesse subúrbio,
de histórias pequenas como uma alma nobre,
de sonhos simples e singelos,
assim como as ruas e o caminhar de todos,
que o sol guarda na silhueta das casas ao longe
a alegria do dia e medo da noite que vai embora,
logo depois de amanhecer de novo.

Um comentário:

Clareana Arôxa disse...

Li isso e fui fazendo analogias com as tuas fotos da cidade.
tá bonito demais!

beijo, menino.