No subúrbio
do urbano,
à margem do mundo humano,
pessoas.
No complexo
diário urbano.
Na beirada do sonho,
e da linha férrea,
humanos.
Lá no suburbano,
onde parece que pulsa mais intensa a vida
e onde a felicidade repulsa a tristeza,
tem feira de grito, tem apito, buzina,
tem a menina que chora pedindo um brinquedo simples,
tem gente que trabalha nessa badalar da vida
e aviva mais o sentimento da luta.
Mas na ida e na vinda do trem,
tem quem passe por baixo dos trilhos
e vacile.
Talvez na descida da estação,
no corre-corre pra ver quem chega primeiro,
tenha se desvencilhado,
- trem que há descarrilhado -
de uma linha, de uma mão perdida.
João mesmo
se cansou de ser nada
e só levar revés.
Ao invés de viver lamentando
se jogou perto das três
no meio da linha do trem,
depois de fumar dois cigarros
e cheirar um pouco de cola.
É delírio, é delírio.
Já Hugo tenta mudar a vida,
na escola, na música,
no sonho.
A realidade não dificulta o desejo,
pois se espelha no trilho de vida
de quem já pegou o trem.
No subúrbio,
que não é sub-humano,
é mais humano ainda,
tem espaço pra tudo,
gente tristonha, feliz,
alguns trabalham na feira,
na areia, poeira, barulho,
vendendo melancolias,
sapatos, baldes e ferros,
comidas diversas e frutas.
Há os que fogem, os que fingem,
onde os olhos saltam do lugar
e vão parar longe,
mas há também aqueles que vêem tudo passar
e ficam.
A vida se vai assim, junto a essa troca,
junto a esse trem, a esse tudo,
mas a alguns ela nem afeta.
É nesse subúrbio,
de histórias pequenas como uma alma nobre,
de sonhos simples e singelos,
assim como as ruas e o caminhar de todos,
que o sol guarda na silhueta das casas ao longe
a alegria do dia e medo da noite que vai embora,
logo depois de amanhecer de novo.
Esquadrinhando
Há 5 anos
Um comentário:
Li isso e fui fazendo analogias com as tuas fotos da cidade.
tá bonito demais!
beijo, menino.
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